sexta-feira, 22 de julho de 2011

Separação. Um suspiro e um desabafo.


Eu juro que queria saber porque preciso escrever quando to triste. Sei que não é uma coisa só minha, mas me pego pensando muitas vezes em quem vai ler. Geralmente quem lê não é quem deveria ler..
Tenho chorado tanto ultimamente, filmes, livros, musicas. Tudo me faz chorar. E nem é mais TPM. O que é então? Casais felizes, casais perdidos, tudo me faz chorar. Comecei a rever a minha vida e tal foi a minha surpresa quando consegui descobrir o que é que ta pegando.

To casando, e tudo que consigo pensar é em divórcio. Em como seria, se casamos com comunhao ou separação de bens, que bens? Será que vale a pena casar? Uma noite pra casar, dois anos pra divorciar.. É tão burocrático. Filhos então nem pensar, quem ficaria com eles? Melhor não tê-los, pra não ter que dividi-los.

Mas o meu noivado, a minha vida, minha rotina, tudo anda tão bem, tão sossegadamente feliz. Tudo em seu devido lugar. Por que então me pego pensando no fim? Eis que entendi.

Quando a gente casa, a gente ta se divorciando dos pais, uma separação amigável, regime de comunhão parcial, direito de visitas, mas a guarda da criança fica com o marido. E de repente tenho me sentido aliviada, e o alivio de tirar um peso das minhas costas me faz pensar no que antes era um fardo e agora é passado.

Quando eu tinha 8 anos de idade, meus irmãos tinham 3 e 5 anos, meus pais se separaram. Foi tudo conturbado e amigavel ao mesmo tempo. O amor ainda tava ali, escorria pelos olhos deles, toda noite, todo fim de expediente, a saudade insistia em se manifestar, como disse Martha Medeiros eles se amavam ainda, só não se queriam mais, ou queriam... mas não conseguiam mais. Foi quando tudo começou, quando uma criança de oito anos serviu de ombro amigo, de conselheira, e de mediadora. Quando a mais velha incentivava os irmãos a não escolherem um lado. Quando a filha escolheu o pai ao invés da mãe. E por muito tempo me perguntaram porque o pai??? A escolha mais difícil de se fazer, é quando temos que tomar uma decisão de adulto quando temos 8 anos de idade.

Sempre disse, e continuo, que a separação dos meus pais não foi um trauma. Hoje, melhores amigos, podemos nos encontrar todos e jantarmos juntos, com madrastas e padrastos, e tudo que temos direito. Uma grande família feliz. Erros perdoados, vidas retomadas. Então por que to escrevendo esse texto? Por que esse coração pequeno no meu peito?

Tenho lembrado dos meus 8 anos, tenho me lembrado da escolha que fiz, e de quem eu magoei, e e como esse peso me fez companhia por toda a minha vida. Como eu nunca levei fé nos relacionamentos, por ter aprendido o quanto era comum e tranquilo o fim, e como a gente sempre supera as crises. Hoje, com 24 anos, me despeço dessa dor. Me despeço da frase "eu moro com o meu pai" ou "vou visitar minha mãe". Eu finalmente moro na minha casa, e quando eu vou visitar, eu vou visitar os MEUS PAIS. No plural. Como há muito tempo não tem sido.

É transbordando que eu digo que hoje, separação é uma palavra nova pra mim. Não tem mais sentido nenhum. Nem quero mais ouvi-la. O que sei, é que não preciso mais segurar as pontas, me dividir em duas nos natais e ano novo, me preocupar em manter meus irmãos neutros. Uma família nuclear, é isso que eu tô construindo. Da mais tradicional e careta. Marido, mulher, e cachorrinhos. É. Por que filhos, esse é um insight que eu ainda não tive. Recém tô acreditando no casamento, quem sabe um dia eu consiga acreditar que é possível ter filhos sem roubar-lhes alguma fase da vida, sem causar dor, sem dividi-los. Não quero por no mundo mais paciente pros colegas. Então ficamos assim, no casamento feliz. E adeus pra vida de mediadora, pras culpas, pras escolhas, e pro amor igualmente dividido em intensidade e horários.

Vestido de noiva e champagne, é assim que as coisas devem começar, e não devem terminar!

2 comentários:

Josi Puchalski disse...

Janis

Entendo teu sentimento perfeitamente. As vezes a gente tem medo de começar algo com receio que um dia vá terminar. E essas dúvidas sao perfeitamente normais, perto do que estas vivendo. Que legal tu teres pensado e escrito sobre isso. Muito sábio, muito maduro, mesmo. Muito inteligênte, principalmente. Postei teu post la na página do Eutimia no facebook. Queria que outras pessoas lessem.
Bjo

Josi Puchalski disse...

Ops..inteligente - sem acento. rs